Tema importantíssimo! Já havia ressaltado aqui na página, anteriormente, que o STF se manifestaria e chancelaria, de fato, a Audiência de Custódia (nem ao menos foi imperiosa a citação da regra "pro homine", uma vez que foi realizada interpretação TELEOLÓGICA do próprio art.656 da nossa Lei Instrumental Penal).
Todavia, insta agora vincar os argumentos ressaltados pelo nosso Tribunal Constitucional, a seguir destacados:
TJ/SP: audiência de custódia e Provimento Conjunto 3/2015
Todavia, insta agora vincar os argumentos ressaltados pelo nosso Tribunal Constitucional, a seguir destacados:
TJ/SP: audiência de custódia e Provimento Conjunto 3/2015
O Plenário, por maioria, conheceu em parte da ação e, na parte conhecida, julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada em face do Provimento Conjunto 3/2015 da Presidência do Tribunal de Justiça e da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, que determina a apresentação de pessoa detida, até 24 horas após a sua prisão, ao juiz competente, para participar de audiência de custódia no âmbito daquele tribunal.
A Corte afirmou que o art. 7º, item 5, da
Convenção Americana de Direitos Humanos, ao dispor que “toda pessoa
presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um
juiz”, teria SUSTADO os efeitos de toda a legislação ordinária
conflitante com esse preceito convencional. Isso em decorrência do
caráter SUPRALEGAL que os tratados sobre direitos humanos possuiriam no
ordenamento jurídico brasileiro, como ficara assentado pelo STF, no
julgamento do RE 349.703/RS (DJe de 5.6.2009).
Ademais, a apresentação do preso ao juiz no referido prazo estaria intimamente ligada à ideia da garantia fundamental de liberdade, qual seja, o “habeas corpus”. A essência desse remédio constitucional, portanto, estaria justamente no contato DIRETO do juiz com o preso, para que o julgador pudesse, assim, saber do próprio detido a razão pela qual fora preso e em que condições se encontra encarcerado.
Não seria por acaso, destarte, que o CPP consagraria regra de pouco uso na prática forense, mas ainda assim fundamental, no seu art. 656, segundo o qual “recebida a petição de ‘habeas corpus’, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar”. Então, não teria havido por parte da norma em comento nenhuma extrapolação daquilo que já constaria da referida convenção internacional — ordem supralegal —, e do próprio CPP, numa interpretação TELEOLÓGICA dos seus dispositivos.
Ademais, a apresentação do preso ao juiz no referido prazo estaria intimamente ligada à ideia da garantia fundamental de liberdade, qual seja, o “habeas corpus”. A essência desse remédio constitucional, portanto, estaria justamente no contato DIRETO do juiz com o preso, para que o julgador pudesse, assim, saber do próprio detido a razão pela qual fora preso e em que condições se encontra encarcerado.
Não seria por acaso, destarte, que o CPP consagraria regra de pouco uso na prática forense, mas ainda assim fundamental, no seu art. 656, segundo o qual “recebida a petição de ‘habeas corpus’, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar”. Então, não teria havido por parte da norma em comento nenhuma extrapolação daquilo que já constaria da referida convenção internacional — ordem supralegal —, e do próprio CPP, numa interpretação TELEOLÓGICA dos seus dispositivos.
O Provimento Conjunto
3/2015 não inovaria na ordem jurídica, mas apenas explicitaria conteúdo
normativo já existente em diversas normas do CPP — recepcionado pela
Constituição Federal de 1988 como lei federal de conteúdo processual — e
da Convenção Americana sobre Direitos do Homem — reconhecida pela
jurisprudência do STF como norma de “status” jurídico supralegal.
Outrossim, inexistiria violação ao princípio da separação dos poderes
(CF, art. 2º). De fato, não seria o ato normativo emanado do tribunal de
justiça que CRIARIA OBRIGAÇÕES para os delegados de polícia, mas sim a
citada convenção e o CPP, os quais, por força dos artigos 3º e 6º da Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, teriam EFEITO IMEDIATO E GERAL, ninguém se escusando de cumpri-los.
Vencido o Ministro Marco
Aurélio, que preliminarmente julgava extinta a ação, por entender que a
norma impugnada não seria ato primário, e, no mérito, julgava procedente
o pedido formulado, assentando que disciplinar tema processual seria da
competência exclusiva da União.
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